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Os 30 anos de “Nevermind the Bollocks”, primeiro álbum dos Sex Pistols,fez-me recordar alguns momentos… Mas,antes de tudo,acho que vale a pena mostrar um pequeno panorama histórico do que foi o movimento punk.








Um bocado de história
 Sex Pistols

Aclamado como o último grande movimento jovem de contracultura, o punk tem como marco zero novembro de 1975, data do primeiro concerto dos Sex Pistols, realizado na St. Martins Art School, em Londres. Ainda que bandas norte-americanas como Television, Stooges e Ramones já estivessem a fazer o punk rock acontecer como gênero musical, foi com os Pistols que o “do it yourself”, lema máximo do punk, ganhou corpo e se alastrou pelo mundo. O grupo foi idealizado pela dupla Vivienne Westwood, até então uma simples dona de loja (chamava-se Sex), e seu marido, o empresário Malcolm McLaren. A idéia de McLaren, era “causar”, fazer sua própria arte, subverter a ordem dominante da Inglaterra de Thatcher.
 Vivienne Westwood em vários momentos e o marido, Malcolm McLaren


Filhos de operários vindos dos subúrbios ingleses e sem voz activa na sociedade, os punks eram o lado B do "bom-mocismo" hippie (os punks detestam esta idéia, mas é verdade). O som era mais do que básico. Três acordes, tocados em velocidade máxima a acompanhar letras que falavam em “no future” e “anticristo”. Tudo isto adornado por um visual radical (o punk foi, antes de mais nada, visual), que incluía alfinetes, calças jeans apertados, camisas coçadas, ténis rasgados, casacos de couro e cabelos coloridos. Um verdadeiro escândalo para a sociedade de então.
E foi esse choque dos conservadores ante o aspecto bizarro daqueles jovens que garantiu a visibilidade do movimento nascente. Ou seja, a moda punk, creditada em muito a Vivienne Westwood, foi um importante instrumento para a divulgação da ideologia que surgia. O visual agressivo era o diferencial entre os conformados e os rebeldes, aqueles que desdenhavam a indústria da moda e do consumo fácil.
À esq., fachada da loja Sex, de Vivienne Westwood. Ao lado, algumas criações da estilista no começo da década de 70.


Hoje, três décadas depois, discute-se como é que os preceitos do punk vêm sendo encarados na sociedade contemporânea. Uma das críticas recorrentes ao movimento é que o seu impacto já foi completamente assimilado pela omnipresente indústria cultural, transformando-o em mais um dos subprodutos do capitalismo. Em outras palavras, a anarquia virou mercadoria e a moda alternativa já não é assim tão alternativa . O que fazia sucesso entre os jovens no começo do punk e provocava arrepios nos pais da época não causa agora preconceito: “meninas de família” usam piercing e têm tatuagens, assim como actrizes das novelas. Isto deixou de ser uma marca registada de um mundo underground, e o “monstro” foi desmistificado. É fácil encontrar camisas, que antes eram pintadas e customizadas no fundo de casa, em grandes lojas.


Entre os adolescentes, a maior influencia punk vem, paradoxalmente, de bandas e cantores pop, como Blink 182, Good Charlotte, Green Day e até Avril Lavine. O mais interessante é que nenhum desses jovens assume seguir uma moda e o que é pior: abominam recém-chegados ao movimento por “não conhecerem a filosofia”. Eles encaram mal o facto de tatuagens, piercings etc. se terem massificado, criando uma espécie de preconceito e isolamento dentro do próprio grupo. Engraçado! Mas eles refletem algo muito comum: a disputa pra ver quem é mais punk (ou mais indie ou mais fashion…). E no fundo, no fundo, para mim, acaba por ser tudo igual. McLaren, vai mais fundo: “Vivemos num mundo de karaoke. A conexão das pessoas com a terra e a cultura está a desaparecer rapidamente, substituída pelo mundo globalizado… A indústria musical está a morrer, a moda foi explorada ao ponto de ficar saturada e corporativa”. Para ele, esse cenário onde tudo é igual e tudo é “commodity, produto” está a abrir espaço para outra mudança radical. Mas, que mudança? Para onde? Será mesmo? Fica a minha dúvida...

Sex Pistols em dois momentos e, à dir, o louco Sid Vicious todo ensanguentado no palco

- Na wikipedia tem um óptimo resumo sobre a evolução da moda punk.
 Desde o surgimento, passando pelo anarcopunk e indo até os dias de hoje, com o chamado pop punk. É interessante.


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